Tele Otorrinolaringologia
02/05/2005
FMUSP nas soluções tecnológicas à ciência da ORL
Autor: Dr. Victor Campelo
Criação do Primeiro Serviço de Tele-otorrinolaringologia do Brasil

• O setor de Tele-otorrinolaringologia da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP-SP foi criado em Abril de 2005, sob coordenação do Prof Ricardo Bento e com o auxílio da Disciplina de Telemedicina e Informática Médica da FMUSP, para incorporar soluções tecnológicas à ciência de otorrinolaringologia.
Esta iniciativa surgiu da necessidade de acompanhar a própria evolução da ciência médica e, principalmente, de melhorar a disponibilidade de serviços e informações em saúde para a população nas mais variadas localidades. Dessa forma, procura-se uma maior integração entre a Universidade de São Paulo e a sociedade, reforçando uma função que deveria ser intrínseca a todas as Universidades, principalmente públicas, que é a de reverter para a população os benefícios adquiridos com a evolução científica.

O Que é Telemedicina?

Telemedicina nada mais é do que o uso de recursos da informática e telemática para a transmissão de dados biomédicos e controle de aparelhos a distância. Suas aplicações vão desde a obtenção de dados para fins de diagnóstico até mesmo a telecirurgia, em fase de experimentação. Outra possibilidade é a educação à distância, auxiliando na atualização de profissionais da saúde que atuam em regiões afastadas.
Muito do progresso da telemedicina estacionou tempos atrás devido às limitações de custo e tecnologia. A rápida diminuição dos custos da tecnologia, avanços tecnológicos como a World Wide Web (WWW) e o suporte federal e estatal permitiram um ressurgimento no final da década de 1990.
A Telemedicina ultrapassa os limites de ser apenas uma tecnologia para fazer parte de um novo processo de atenção à saúde. Tem-se demonstrado a sua capacidade de promover uma melhor distribuição e equidade no atendimento, incluindo a possibilidade de prover qualidade em saúde às populações mal servidas em localidades rurais, cidades do interior, prisões, dentre outras. Além disso, ela tem se mostrado como uma alternativa viável e segura, apesar das dificuldades causadas pela falta de cinética e contato pessoal.

Quais São as Aplicações da Telemedicina?

As aplicações da telemedicina podem ser classificadas em seis tipos fundamentais:

• telediagnóstico: envio remoto de dados de sinais e imagens médicas, dados laboratoriais, teleaudiometria, controle de equipamentos à distância (BERA, Otoemissões, Ecog) etc., para finalidades diagnósticas e programas de segunda opinião, como o programa de CyberAmbulatório da FMUSP www.saudeparavoce.com.br
• telemonitoração - acompanhamento de pacientes à distância, monitorando parâmetros vitais de cardíacos, gravidez de risco, epilépticos, etc., e proporcionando serviços automáticos e semi-automáticos de vigilância e alarme;
• teleterapia - controle de equipamentos à distância, tais como hemodialisadores, programação de aparelhos auditivos e implantes cocleares;
• teledidática - aplicação das redes telemáticas na implementação de cursos médicos à distância, teleconferências;
• Realidade virtual – recriação virtual da anatomia e fisiologia, normal ou patológica, com finalidade de facilitar o aprendizado, tais como o Projeto do Homem Virtual da FMUSP (projetohomemvirtual).
• Telefonia social: aplicações dos modernos recursos de telefonia convencional à assistência dinâmica, telecomunicação para pessoas deficientes, como surdos, cegos e mudos, apoio à medicina preventiva, e suporte a pessoas idosas (telesocorro).

A Telemedicina no Brasil

Apesar da boa rede de telecomunicações existente e do nível de sofisticação da informática no país, os sistemas de telemedicina ainda são raros no Brasil. Menos de 2% das universidades brasileiras têm projetos ativos. O Brasil possui mais de 100 faculdades de Medicina e mais de 40 hospitais universitários. Destacam-se os trabalhos das faculdades de medicina da UFPE, PUC-Paraná, Faculdade de Medicina da USP, o Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP e a UNIFESP (Escola Paulista de Medicina) como exemplos de projetos em atividade. A boa notícia é que há projetos em andamento em todo o país. Na rede privada, os hospitais de São Paulo lideram o uso da telemedicina. Em nível federal a Fundação Pioneiras Sociais, tem uma rede interconectando vários dos hospitais Sarah Kubitscheck e há outros projetos para a região amazônica, com o auxílio de satélites do SIVAM permitindo a troca de dados.
No Brasil, as vantagens da telemedicina podem ser muito grandes, facilitando o acesso a informações e diagnósticos, principalmente nas localidades onde os serviços são precários e também na educação continuada de profissionais da saúde. Contando com uma extensa rede de telecomunicações, e dispondo de vários avanços da informática, o Brasil pode beneficiar-se muito com a telemedicina que levará assistência especializada a regiões remotas. A distância entre o tempo de diagnóstico e o tratamento diminui, o que aumenta a rapidez e a eficiência dos serviços médicos, justificando o investimento em equipamentos. O Brasil possui um bom estado de desenvolvimento tecnológico na informática, bem como um sistema extenso e funcional de telecomunicações, que dispõe de modernos recursos de telefonia pública e celular, sistemas de transmissão de dados, ligação por satélite em todo o território nacional, redes Internet e Bitnet, etc. Se os bancos brasileiros já utilizam com grandes vantagens essa portentosa e eficiente infraestrutura, porque não o pode fazer o setor de saúde?

A Telemedicina Aplicada à Otorrinolaringologia

Várias aplicações de telemedicina em otorrinolaringologia e ciências da comunicação têm sido descritas na literatura. Recentemente, iniciou-se a aplicação da telemedicina em terapia vocal (Mashima, Birkmirepeters, Holtel, & Syms, 1999), avaliação de disfagia (Lalor, Brown, & Cranfield, 2000), terapia de articulação/fonoterapia (Scheiderman-Miller & Clark, 2000; Kully, 2000) e audiometria diagnóstica (Krumm, Ribera, & Froelich, 2002), telediagnóstico por imagens dinâmicas em laringologia (Lazzarini, 2004 – tese apresentada à FMUSP para obtenção do título de Doutor em Ciências). Otologistas e audiologistas têm utilizado algum tipo de prática em tele-saúde de forma regular, porém de forma limitada para diagnóstico, aconselhamento à distância e programação de aparelhos auditivos.

A Criação do Setor de Tele-otorrinolaringologia da FMUSP

Após algumas aplicações em telemedicina, a Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP, sob a coordenação e incentivo dos Professores Aroldo Miniti e Ricardo Ferreira Bento, propôs a criação de um setor específico de Teleotorrinolaringologia para melhor organizar e estimular o desenvolvimento desta ciência. Graças ao apoio da Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, em especial do Professor György Miklós Böhm e Chao Lung Wen, este sonho vem se tornando uma realidade. Participam ativamente da organização do setor de Teleotorrino os Médico Victor Eulálio Campelo e Luiz Figueiredo.
Contando com a participação e apoio do corpo docente, dos médicos assistentes e residentes do Hospital das Clínicas da FMUSP, o novo setor nasce com o compromisso de desenvolver programas nas diversas áreas de aplicação da telemedicina.
Os primeiros programas a serem implantados serão:
1. Teleconferências para discussão de casos clínicos entre Centros de Otorrinolaringologia nacionais e internacionais;
2. Ensino à distância: transmissão simultânea do V Curso de Extensão Universitária em Otorinolaringologia da USP – 2005 (curso de extensão). Em teste com a Universidade de Brasília e Hospital Santa Casa de Santos-SP. Interessados em credenciar serviços para recepção do curso devem contactar Setor de Teleotorrino-USP;
3. Cursos via internet sobre temas em otorrinolaringologia (em breve);
4. Programas de telediagnóstico e teleassistência a pacientes com perda auditiva (em breve).


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